26 Oct
26Oct

Geraldo sempre havia sido dedicado ao trabalho. Aos 32 anos, ele ocupava um cargo de liderança em uma startup de tecnologia, onde muitos o viam como uma referência. No entanto, nem todos sabiam que, por trás do profissional competente, havia um homem assolado por dúvidas e inseguranças. Mesmo com anos de experiência, prêmios e elogios, Geraldo convivia com um sentimento constante de não pertencer. Ele acreditava que, a qualquer momento, alguém descobriria que ele não era tão bom quanto aparentava.

O dia de Geraldo começava cedo, com uma xícara de café forte e uma longa jornada até o escritório. No trajeto, ele observava os arranha-céus da cidade, se perguntando se todos ao seu redor também se sentiam tão inadequados quanto ele. Mas, ao chegar ao trabalho, vestia sua "armadura" e agia como se estivesse no controle de tudo.

Essa insegurança, conhecida como síndrome do impostor, já o acompanhava há alguns anos, mas havia se intensificado desde que assumira a liderança de uma equipe. Ele constantemente comparava seu desempenho ao dos colegas, e cada pequeno erro o fazia acreditar que era uma fraude. Por mais que suas conquistas estivessem visíveis para todos, ele próprio nunca sentia que era suficiente.

Um dia, após uma apresentação para a diretoria, Geraldo desabafou com Camila, uma amiga e colega de traalhbo que já desconfiava de sua luta interna. Camila o escutou atentamente e, em vez de tentar convencê-lo de que ele era capaz, sugeriu que ele buscasse apoio de pessoas que pudessem entender seus sentimentos. Ela o incentivou a participar de um grupo de apoio para profissionais que enfrentavam a síndrome do impostor.

Mesmo hesitante, Geraldo decidiu ir a uma reunião. Lá, encontrou pessoas de diversas áreas, todas bem-sucedidas, mas que também enfrentavam a sensação de serem inadequadas. A identificação foi instantânea, e ele percebeu que seus medos não eram raros nem anormais. Pela primeira vez, sentiu-se compreendido.

Algumas semanas depois, Geraldo foi chamado para apresentar um projeto inovador a investidores internacionais. A pressão era enorme, mas, com o apoio de Camila e do grupo, ele decidiu mudar seu enfoque. Em vez de pensar em impressionar, ele se comprometeu a ser autêntico e a transmitir sua paixão pelo trabalho.

Durante a apresentação, Geraldo conseguiu falar com confiança e naturalidade, revelando a essência de seu projeto sem tentar parecer perfeito. O feedback foi positivo, e os investidores aprovaram a proposta, garantindo novos recursos para a startup.

Ao fim do dia, enquanto voltava para casa, Geraldo sentiu um alívio que há tempos não experimentava. Pela primeira vez, ele não precisava de validação externa para sentir-se bem com seu trabalho. Ele havia entendido que seu valor não dependia de ser infalível, mas de ser genuíno consigo mesmo.

A partir daquele momento, Geraldo decidiu aceitar suas vulnerabilidades, compreendendo que, ao permitir-se ser imperfeito, ele também se permitia crescer.

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.